A Alpine reconheceu publicamente que o desempenho de sua unidade de potência da Renault está abaixo do ideal e continua prejudicando a equipe na temporada 2025 da Fórmula 1. Com apenas 19 pontos conquistados até aqui, o time ocupa a última colocação no campeonato de construtores e já planeja uma reviravolta para o próximo ano, quando passará a utilizar motores Mercedes.
“Em termos de eficiência híbrida e potência máxima de combustão, estamos atrás dos nossos rivais diretos”, declarou David Sanchez, diretor técnico da Alpine, em entrevista à revista Auto Motor und Sport. Segundo ele, a deficiência do motor obriga a equipe a compensar com menos downforce em algumas pistas, o que acaba gerando um desgaste acentuado dos pneus. “Isso foi particularmente extremo na Áustria”, destacou.
A temporada 2025 marca o último ano da Renault como fornecedora de unidades de potência na F1. A mudança acontece em meio a uma crise financeira no grupo francês, que incluiu a recente saída do CEO Luca de Meo. Com Flavio Briatore à frente das negociações, a Alpine firmou acordo para receber motores Mercedes a partir de 2026.
Apesar das dificuldades, Sanchez reforça que a equipe segue o plano estabelecido antes do início do campeonato, que previa apenas uma grande atualização aerodinâmica, já introduzida no GP da Espanha, em Barcelona. “Temos algumas pequenas melhorias previstas, mas agora o foco é extrair o máximo do pacote atual e entregar desempenho consistente”, afirmou.
Pierre Gasly, que conseguiu um inesperado sexto lugar no caótico GP da Inglaterra, reconhece o desafio de manter a motivação em meio aos resultados decepcionantes. “O desempenho é frustrante às vezes. Mas os caras estão dando o melhor de si e estou tentando liderar pelo exemplo”, comentou o francês. “Claro que não é legal não saber se vamos sequer pontuar até o fim do ano. Não é divertido.”
Ainda assim, Gasly defende as escolhas da equipe no desenvolvimento do carro para 2025. “Tomamos uma decisão ousada e agora estamos pagando o preço. Mas eu incentivei o time a seguir esse caminho. Espero que isso traga resultados no ano que vem. Pelo que vejo na fábrica, estamos no caminho certo.”
Sanchez compartilha do otimismo de seu piloto. “O desenvolvimento do carro do próximo ano está em um ritmo acelerado. Por isso estamos satisfeitos com nossas decisões”, disse. Ele destacou que a colaboração com a Mercedes tem funcionado bem: “Temos tudo o que precisamos para desenvolver o carro de 2026.”
O engenheiro ressaltou também os avanços no departamento aerodinâmico da equipe: “Provavelmente demos nosso maior passo à frente nessa área. É de onde eu venho e onde me sinto mais à vontade.”
Com a Fórmula 1 se preparando para uma mudança radical de regulamento em 2026, a Alpine já projeta um carro bastante diferente para se adaptar às novas exigências técnicas. “O carro do ano que vem terá um comportamento completamente diferente. Mas ainda será um carro de Fórmula 1. Downforce e bom equilíbrio continuam fundamentais”, explicou Sanchez.
Segundo ele, o grande desafio estará na integração entre o novo pacote aerodinâmico e o sistema de gerenciamento de energia. “A complexidade está no acoplamento com o sistema híbrido. É o equilíbrio entre a eficiência aerodinâmica, o modo de reta longa e a gestão de energia que ditará o sucesso.”
Com isso, a Alpine aposta em 2026 como a temporada da virada — deixando para trás o fraco desempenho atual com os motores Renault e mirando um novo capítulo ao lado da Mercedes na Fórmula 1.