Os ativos digitais, como as stablecoins, afirmaram-se como uma ferramenta financeira crucial em África e em mercados emergentes, ultrapassando em volume transaccional gigantes como a Visa e a Mastercard.
De acordo com um relatório da Yellow Card, principal provedora de infra-estrutura destes ativos em África, o valor das transacções de stablecoins atingiu 15,6 biliões de dólares este ano, representando aproximadamente 119% e 200% do volume processado pela Visa e Mastercard, respectivamente. Este crescimento monumental é suportado por um volume de 110 milhões de transacções mensais.
Em África, a adopção está particularmente forte na região Subsaariana. A Nigéria consolida-se como o maior mercado do continente, com transacções a atingirem quase 22 mil milhões de dólares num período de doze meses. A África do Sul destaca-se por um crescimento mensal impressionante de 50% desde Outubro de 2023, onde as stablecoins ultrapassaram o bitcoin como a criptomoeda mais popular no país.
No Quénia, um dos países com crescimento significativo, a adopção é impulsionada por desafios económicos como a inflação e a desvalorização cambial. O gestor nacional da Yellow Card no país, Peter Mwangi, explica que a sólida infraestrutura de dinheiro móvel, especialmente o M-Pesa, permite uma fácil integração com stablecoins.
“Uma população jovem e tecnologicamente literária recorre a estes ativos para taxas de remessa mais baixas e como protecção contra a instabilidade da moeda local”, sublinha.
O USDT, por exemplo, mantém uma dominância de 88,5% de todas as transacções, seguido a larga distância pelo USDC. A análise da Yellow Card revela que 70% dos clientes utilizam-nas para necessidades pessoais, como remessas e poupança, mas um crescente segmento de 30% adopta-as especificamente para operações comerciais, que registaram um aumento de 25% em 2024.