Eau Rouge, Blanchimont e Bus Stop: os nomes que definem um dos traçados mais icônicos da Fórmula 1
A Fórmula 1 retorna neste fim de semana a um dos palcos mais lendários do automobilismo mundial: o circuito de Spa-Francorchamps, na Bélgica. A etapa de 2025 marca a 70ª vez que o país sedia uma corrida válida pelo Campeonato Mundial, sendo a 57ª no icônico traçado das Ardenas, reconhecido por seus desafios técnicos, beleza natural e clima imprevisível.
Características técnicas e desafios do traçado
Localizado nas colinas da região de Stavelot, Spa é a pista mais longa do calendário atual da Fórmula 1, com 7.004 metros de extensão. Seu traçado mistura retas velozes, curvas de alta e setores técnicos, oferecendo um desafio único tanto para pilotos quanto para engenheiros. A diferença de características entre os três setores obriga as equipes a buscarem um equilíbrio fino na configuração dos carros, o que muitas vezes resulta em compromissos estratégicos que influenciam diretamente no desempenho em corrida.
O primeiro setor é dominado pela lendária sequência Eau Rouge-Raidillon, que leva a uma longa reta propícia para ultrapassagens. O segundo setor é mais sinuoso, com curvas em declive e mudanças constantes de direção. Já o terceiro setor exige fluidez e estabilidade em alta velocidade. Um traçado que, desde 1950, coloca à prova o talento e a coragem dos maiores nomes da F1.
Clima instável: um fator imprevisível em Spa
Spa também é conhecido pelo seu clima instável, capaz de variar de um trecho da pista para outro em questão de minutos, tornando corridas caóticas e estratégicas. Em 2024, o circuito passou por um novo recapeamento que aumentou a aderência e reduziu a abrasividade, tornando os tempos de volta mais rápidos e alterando o comportamento dos pneus — algo que será crucial também neste ano.
A meteorologia promete um fim de semana imprevisível em Spa-Francorchamps, aumentando ainda mais o desafio para equipes e pilotos. A previsão aponta 65% de chance de chuva na sexta-feira, com sol entre nuvens e pancadas isoladas, além de temperaturas próximas dos 23°C. No sábado, dia da Sprint e do classificatório tradicional, o risco de precipitação diminui para 45%, mas segue presente. Já no domingo, a corrida principal deve começar com tempo firme, mas com 40% de chance de chuva durante a prova. Com histórico de corridas afetadas pelo clima na Bélgica, as estratégias podem ser decisivas — principalmente com a pista escorregadia em caso de garoa ou mudança repentina nas condições.
Entre os circuitos mais tradicionais da F1
Na história da categoria, Spa-Francorchamps ocupa a quarta posição entre os circuitos que mais vezes receberam corridas de Fórmula 1, com 57 provas até 2025. À frente dele estão apenas Monza, na Itália, líder absoluto com 74 edições do GP da Itália; Mônaco, com 71 corridas disputadas nas ruas do Principado; e Silverstone, que já sediou 60 GPs do Reino Unido. Logo atrás de Spa aparece o circuito Gilles Villeneuve, em Montreal, que recebeu 44 GPs do Canadá. O Autódromo de Interlagos, em São Paulo, também figura entre os mais tradicionais, tendo recebido 42 Grandes Prêmios do Brasil desde sua estreia em 1973, reforçando a importância do traçado brasileiro no calendário histórico da Fórmula 1.
Números históricos e domínio da Ferrari
Ao longo das décadas, Spa-Francorchamps tem servido de palco para capítulos marcantes da Fórmula 1, e os números reforçam a tradição. Michael Schumacher é o piloto mais vitorioso do circuito, com seis triunfos — incluindo sua primeira vitória na categoria, em 1992 com a Benetton, e sua última conquista de título mundial, em 2004 com a Ferrari.
Lewis Hamilton venceu em Spa quatro vezes (2010, 2015, 2017 e 2020), é o recordista de poles no traçado belga, com seis conquistas, e também lidera o número de pódios, com 11 aparições entre os três primeiros. Max Verstappen, que nasceu na Bélgica, mas corre com licença holandesa, venceu três das últimas quatro corridas em Spa (2021, 2022 e 2023), incluindo uma performance dominante em 2022, quando largou em 14º e venceu com facilidade — um dos maiores exemplos de recuperação da era híbrida.
Entre os nomes da nova geração, Lando Norris e Oscar Piastri ainda buscam sua primeira vitória no circuito, mas já mostraram competitividade em Spa. Norris teve performance de destaque em 2021, quando brigava pela pole até sofrer um forte acidente na Eau Rouge em pista molhada. Já Piastri foi vice na Sprint de 2023, atrás apenas de Verstappen, e liderou as primeiras voltas daquela prova.
No que diz respeito às equipes, a Ferrari domina as estatísticas em Spa-Francorchamps. A escuderia italiana soma 18 vitórias no circuito belga, além de 17 poles positions e 51 pódios — números que consolidam sua posição como a equipe mais bem-sucedida na Bélgica. A última vitória da Ferrari em Spa foi em 2019, com Charles Leclerc, que conquistou ali sua primeira vitória na Fórmula 1.
Spa em 2025: Sprint e recomeço da temporada
Ao longo das décadas, Spa consolidou-se como um templo da velocidade e da técnica, sendo palco de momentos históricos, decisões de campeonato e exibições memoráveis. Em 2025, a pista volta a sediar também uma corrida Sprint, adicionando ainda mais emoção ao fim de semana, e abrindo a segunda metade de uma temporada marcada pela disputa acirrada entre McLaren, Ferrari e Mercedes.

As curvas lendárias e seus nomes
O traçado de Spa-Francorchamps é composto por 19 curvas numeradas, muitas delas lendárias na história da Fórmula 1. A volta começa na Curva 1, a La Source, um cotovelo fechado à direita que costuma ser palco de toques e decisões importantes na largada. Em seguida, os carros aceleram em descida rumo ao complexo Eau Rouge (Curva 2) e Raidillon (Curvas 3 e 4), talvez o trecho mais icônico da F1, com subida em alta velocidade e mudança de inclinação.
A Curva 5 é a freada forte para a Les Combes, seguida pelas rápidas Curvas 6 e 7 (Malmedy). A sequência técnica continua com a Curva 8, a longa Bruxelles, e a Curva 9, a curta e cega Speaker’s Corner. Depois vem a rápida Pouhon (Curvas 10 e 11), em descida e com dupla tangência, exigindo precisão total.
O trecho final traz as Curvas 12 e 13 (Fagnes), a traiçoeira Curva 14 (Stavelot), e o acelerador no fundo pelas curvas 15 a 18 (Blanchimont), antes da chicane final, a Bus Stop (Curvas 19 e 20), que define a última chance de ultrapassagem antes da reta principal.
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