Europa tem plano ‘bastante preciso’ para enviar tropas à Ucrânia, diz Von der Leyen

Capitais europeias estão elaborando “planos bastante precisos” para enviar destacamentos militares para a Ucrânia como parte das garantias de segurança pós-conflito, e esses contingentes terão o apoio total dos EUA, disse Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia.

Há um “roteiro claro” para possíveis destacamentos, declarou Von der Leyen em entrevista ao Financial Times.

“Garantias de segurança são essenciais”, afirmou. “Temos um roteiro claro e tivemos um acordo com a Casa Branca… e esse trabalho está avançando muito bem.”

Von der Leyen falou durante um tour pelos estados do leste da UE próximos à Rússia, neste fim de semana, no qual ela está discutindo esforços para aumentar os gastos nacionais com defesa e reforçar a prontidão militar do continente.

Suas observações vieram em meio ao planejamento de uma reunião de líderes europeus esta semana, para firmar compromissos nacionais para a força ocidental.

Ela disse que as capitais estavam elaborando planos para “um destacamento de tropas multinacionais e o respaldo dos americanos”.

“O presidente Trump nos garantiu que haverá presença americana como parte do respaldo”, disse ela. “Isso foi muito claro e repetidamente afirmado.”

A Ucrânia exigiu garantias de segurança concretas de seus apoiadores ocidentais, incluindo tropas no terreno, como parte de qualquer acordo de paz para encerrar a guerra de três anos e meio iniciada pelo presidente russo, Vladimir Putin.

As tropas devem incluir dezenas de milhares de militares liderado pelos europeus, apoiados pelos EUA com sistemas de comando e controle e recursos de inteligência e vigilância. Esse arranjo foi acordado em uma reunião entre Trump, o presidente ucraniano Volodimir Zelenski e altos líderes europeus no mês passado.

Os líderes que se encontraram com Trump em Washington devem se reunir em Paris nesta quinta-feira (4) a convite do presidente francês, Emmanuel Macron, para continuar as discussões de alto nível, disseram ao FT três diplomatas informados sobre os planos.

Entre eles estarão o orimeiro-ministro alemão, Friedrich Merz, o britânico, Keir Starmer, o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, além de Von der Leyen. O governo francês não quis comentar.

Na semana passada, ministros da defesa dos países se reuniram e “elaboraram planos bastante precisos”, disse Von der Leyen, incluindo discussões sobre “os itens necessários para uma montagem funcional de tropas”.

“Claro, sempre é necessária a decisão política dos respectivos países, porque o destacamento de tropas é uma das decisões soberanas mais importantes de uma nação”, acrescentou. “[Mas] o senso de urgência é muito alto… está avançando. Está realmente tomando forma.”

Von der Leyen elogiou o compromisso de Trump de participar do esforço de paz, após meses de incerteza nas capitais europeias sobre a posição do presidente dos EUA, que no passado havia elogiado Putin e entrado em conflito com Zelenski.

“Putin não mudou, ele é um predador”, disse ela. “[Trump] quer paz, e Putin não está vindo à mesa de negociações… Ele tem uma experiência negativa com Putin, cada vez mais Putin não faz o que diz.”

“[Mas] tivemos nos últimos meses vários encontros em que ficou óbvio que se pode contar com os europeus”, acrescentou. “Está claro que, quando dizemos algo, nós fazemos.”

Qualquer destacamento militar ocidental para a Ucrânia pós-conflito apoiaria um Exército ucraniano significativamente fortalecido; isso formaria o núcleo da força de dissuasão.

A comissão exploraria novos fluxos de recursos para ter um “financiamento sustentável das Forças Armadas ucranianas como… garantia de segurança”, disse Von der Leyen.

Após qualquer acordo de paz, Kiev precisaria de “um número bastante considerável de soldados e eles precisam de bons salários e, claro, equipamentos modernos… é certamente a UE que terá que contribuir”.

Os fluxos de financiamento existentes de Bruxelas para a Ucrânia, incluindo apoio orçamentário, precisariam ser mantidos durante o tempo de paz, disse Von der Leyen, o que significa que “um pagamento extra tem que ser fornecido para as forças armadas ucranianas”.

A UE também manterá o financiamento para o treinamento de soldados ucranianos após um acordo de paz. O bloco está incentivando os estados membros a usar um fundo de empréstimos para armamentos de € 150 bilhões (R$ 952 bilhões) para entrar em acordos de produção conjunta com empresas de defesa ucranianas ou para comprar armas que possam ser dadas a Kiev.

“O papel da comissão é essencial para permitir que os estados membros financiem um aumento na defesa”, disse Von der Leyen.

“O caráter da guerra mudou completamente”, acrescentou, citando a necessidade de os militares da UE investirem em drones, defesa aérea e de mísseis, capacidades espaciais e cibernéticas.

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