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Importação de petróleo russo pela Índia deve aumentar em setembro, desafiando os EUA

Navio petroleiro Vladimir Monomakh, da Rosneft e com bandeira russa, transita pelo Bósforo em Istambul, Turquia 06/07/2023 REUTERS/Yoruk Isik

As exportações de petróleo russo para a Índia deverão crescer em setembro, com refinarias indianas a reforçarem as compras em até 20% face a agosto, segundo operadores do setor. A decisão surge mesmo após Washington ter aplicado tarifas adicionais de 50% sobre as importações indianas, numa tentativa de pressionar Nova Deli a reduzir a cooperação energética com Moscovo.

Desde a invasão da Ucrânia em 2022 e a imposição de sanções ocidentais, a Índia tornou-se o maior comprador de petróleo russo transportado por via marítima, beneficiando de preços com desconto. Nos primeiros 20 dias de agosto, o país importou 1,5 milhões de barris por dia (bpd), volume estável face a julho, mas abaixo da média de 1,6 milhões bpd registada no primeiro semestre. Os fluxos equivalem a 1,5% da oferta global, cobrindo cerca de 40% das necessidades energéticas indianas.

O presidente norte-americano, Donald Trump, acusou Nova Deli de lucrar com “petróleo russo barato”, enquanto autoridades indianas rebatem a crítica, sublinhando o “duplo critério” do Ocidente, que continua a adquirir produtos refinados russos no valor de milhares de milhões de dólares.

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, tenta negociar uma solução diplomática para as novas tarifas, ao mesmo tempo que reforça alianças estratégicas, incluindo encontros com o presidente russo, Vladimir Putin.

Segundo o BNP Paribas, as tarifas “fazem parte de uma discussão comercial mais ampla entre Índia e EUA” e dificilmente levarão à redução significativa das compras indianas. Reliance Industries e Nayara Energy (esta última maioritariamente controlada por capital russo) estão entre os principais importadores.

A Rússia, por seu lado, dispõe de maior disponibilidade exportadora devido a interrupções nas refinarias domésticas, alvo de ataques ucranianos que afetaram até 17% da capacidade de refino do país.

Sem a procura indiana, Moscovo teria dificuldades em manter as receitas provenientes do petróleo — fundamentais para financiar o orçamento federal e a guerra na Ucrânia.

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